03/01/2011

 

VALOR ECONÔMICO - LEGISLAÇÃO & TRIBUTOS

 

 

Cardozo quer pacto contra crime organizado

 

 

 

 

A articulação de um grande pacto contra o crime organizado é a meta número um do novo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Segundo ele, essa articulação vai envolver governadores, prefeitos e diversas forças policiais em torno da segurança pública.

O desafio será grande, pois o pacto vai depender de uma composição política entre governadores de linhas ideológicas e partidárias diferentes, assim como de diferentes corporações policiais, como a Polícia Federal, a Polícia Civil e a Força Nacional de Segurança Pública.

Mas, Cardozo acredita que essa união é possível e anunciou que pretende realizar, em fevereiro, uma reunião inicial com governadores para preparar um projeto conjunto de atuação. No encontro, ele pretende mostrar que o objetivo não será o de "tirar dividendos políticos eleitorais", mas sim, o de "construir algo de importante e maduro para a sociedade brasileira".

"Seria um absurdo que viéssemos impor as nossas linhas de atuação a outros Estados", disse o novo ministro. "Nós vamos sugerir e procurar construir um pacto", continuou. "Chegou a hora de superarmos as divergências políticas e ideológicas para que possamos estar juntos, sem vaidades e sem a ideia de que alguém será o beneficiado desse processo."

Cardozo reconheceu que o pacto vai ter de passar por negociações com Estados governados pela oposição, como São Paulo e Minas Gerais, sob o comando do PSDB. "Eu sei que tanto o governador Geraldo Alckmin (SP) quanto o governador Antônio Anastasia (MG) não pertencem ao meu partido político e nem temos a relação de estarmos no mesmo lado nas últimas eleições. Mas, isso não afasta o fato de que todos nós somos agentes públicos. Antes de sermos militantes partidários ou de uma ideologia, nós temos um papel de Estado."

Cardozo avaliou que o Rio de Janeiro deu um "grande exemplo de união entre a polícia e a sociedade" na retomada do Complexo do Alemão, que estava sob o domínio de traficantes. Para ele, o episódio mostrou que, quando entes federativos diversos, como as Forças da União, o Estado e o município se unem, é possível atingir um objetivo em comum.

Foi a presidente Dilma Rousseff que determinou a segurança pública como prioridade para o Ministério da Justiça. A partir desse direcionamento, Cardozo começou a construir a ideia, que foi apresentada, ontem, em sua posse, de um pacto com os Estados e as forças policiais para reduzir a criminalidade.

Inicialmente, o ministro verificou que a segurança pública é uma tarefa dos Estados. Em seguida, identificou que esse fato não pode servir como pretexto para que o governo federal não chame para si a tarefa de desenvolver ações nessa área. A partir dessa concepção, Cardozo decidiu buscar o apoio dos governadores. "Esse pacto não deve ser retórico, tendo como destino um produto midiático", enfatizou o ministro.

"Ele não deve ser feito para favorecer a vida política deste ou daquele ministro, ou daquele governador ou prefeito. É chegada a hora de minimizarmos as nossas divergências político-partidárias", continuou Cardozo. "Nós precisamos articular ações preventivas e repressivas de combate ao crime", concluiu.

Juliano Basile - De Brasília

 

FONTE AASP